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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Estudo com imagens 3D do cérebro busca marcadores biológicos do TDAH

Objetivo é encontrar evidências neurológicas para que, no futuro, o diagnóstico não seja apenas clínico

abril de 2014
Ana Carolina Leonardi
Shutterstock
O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) está entre as disfunções cerebrais infantis mais comuns, podendo persistir na fase adulta. Desde os anos 70, porém, tanto o diagnóstico quanto o tratamento do distúrbio são alvo de questionamentos. Uma das principais controvérsias é o diagnóstico ser apenas clínico, feito com base na observação dos sintomas pelo médico ou psicólogo, que considera principalmente informações dadas por pais e educadores.

O pesquisador André Fujita, doutor em bioinformática, professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) busca marcadores biológicos do TDAH. Com estudos publicados nos periódicos NeuroImage e Systems Neuroscience, Fujita usa a tecnologia de ressonância magnética funcional (fMRI) para comparar imagens tridimensionais (3D) do cérebro de crianças com e sem déficit de atenção, buscando identificar alterações associadas ao sintomas de TDAH. Em dois anos de estudo, ele registrou imagens do cérebro de 200 crianças com o diagnóstico clínico de TDAH e 450 sem o transtorno.

Através da neuroimagem, é possível mapear a atividade cerebral e identificar quais áreas estão mais ou menos ativas quando o cérebro realiza uma tarefa ou em pessoas diagnosticadas com algum distúrbio mental. Atualmente, o transtorno de déficit de atenção é considerado um problema neurológico, relacionado a uma “desorganização” do funcionamento integrado de alguns circuitos neuronais. O desafio da equipe de Fujita é calcular qual nível de desorganização, chamado de entropia da rede, pode ser considerado normal, definindo-o por meio da análise dos pontos mapeados do cérebro das pessoas sem TDAH. Comparando a esse número os dados da imagem de um indivíduo com déficit de atenção, seria possível confirmar o diagnóstico.

Processar tamanha quantidade de dados exigiu que do grupo de pesquisadores, vinculados à USP, à Universidade Federal do ABC e à Universidade de Princeton, a criação de algoritmos e programas capazes de avaliar a aleatoriedade de um sistema. Por isso, o estudo não envolve apenas neurociência, mas matemática, estatística e computação.

No entanto, ainda é difícil considerar a aplicação clínica das descobertas do estudo, uma vez que ainda não foram encontrados marcadores biológicos claros de quais as áreas cerebrais que de fato se relacionam ao TDAH. O próximo passo do grupo é, portanto, precisar as relações entre as regiões do cérebro e o transtorno. (Com informações da Agência Universitária de Notícias)

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