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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Dislexia: conheça histórias de quem aprendeu a viver com o transtorno de linguagem

Veja quais são as estratégias encontradas pelos disléxicos para conviver com o transtorno de aprendizagem que afeta 1,8 milhão de pessoas


Flávia Duarte - Revista do CB Publicação:24/09/2014 09:00Atualização:24/09/2014 12:44
Charles Darwin  (Reprodução Internet)
Charles Darwin
“Esse problema não aparece fisicamente. Seria melhor não ter um braço porque aí notariam que somos diferentes.” A frase resume uma infância e uma adolescência de sofrimentos e julgamentos. Com uma sinceridade totalmente despida de medos, apropriada só mesmo por quem enfrenta um drama invisível e — por muito tempo inexplicável —, o psicólogo Otávio Giacomo, 50 anos, encontra uma dura definição de como é conviver com a dislexia. Ele é apenas um no universo de pelo menos 1,8 milhão de pessoas, segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), a ser diagnosticado com o distúrbio de aprendizagem que torna incompreensível, no primeiro momento, a ligação entre letras e sons.


O problema não pode ser considerado uma doença. O cérebro do disléxico é fisicamente intacto, sem qualquer lesão que possa diferi-los dos demais. O órgão só funciona de maneira diferente, o que dificulta o processo de leitura e escrita. Cognitivamente, quem tem o distúrbio é igualmente apto a desempenhar qualquer atividade, sem qualquer prejuízo. Mas, se o processo envolver letras e números, certamente o tempo demandado para a conclusão do desafio será diferente. Eles são mais lentos, já que o caminho que percorrem para chegar até o fim da tarefa de ler e escrever é mais tortuoso e com obstáculos adicionais.

Albert Einstein  (Reprodução Internet)
Albert Einstein
Imagens do cérebro de crianças com dislexia sugerem que, quando estão aprendendo a ler e escrever, elas ativam áreas cerebrais diferentes daquelas ativadas por meninos e meninas sem a mesma dificuldade. “Na verdade, nosso cérebro não está programado para ler. Essa é uma habilidade artificial que treinamos. A escrita é feita de códigos criados pelo homem e entre 5% e 10% das pessoas têm dificuldades de aprendê-los”, explica Augusto Buchweitz, pesquisador do projeto ACERTA, do Instituto do Cérebro da PUC-RS, que têm como objetivo estudar o que ocorre no cérebro das crianças em fase de alfabetização e que apresentam problemas de aprendizagem.

“Eles não têm questões médicas relevantes; têm QI normal, muitas vezes, inclusive, acima da média. O que existe é uma dificuldade em decodificar as palavras com fluência e velocidade”, esclarece Augusto. Dá para ter uma ideia desse tempo particular. Enquanto um leitor sem qualquer traço de dislexia lê, em média, de quatro a cinco palavras por segundo e atinge cerca de 200 por minuto, o cérebro do disléxico apresenta outro ritmo. Ele busca conexões similares para fazer a mesma tarefa e, por tal razão, precisa de mais prazo. Assim, uma criança disléxica lerá, em média, de 10 a 30 palavras a cada minuto.

Cher (cantora)  (Reprodução Internet)
Cher (cantora)
Uns serão mais ou menos velozes. Quanto antes for feito o diagnóstico, mais rapidamente esse cérebro encontrará suas próprias artimanhas para superar uma dificuldade da qual não se livra nunca. Não há cura para a dislexia, que é antes de tudo uma herança genética. Disléxicos têm um dos pais com as mesmas características.

Há diferentes graus do quadro, mas alguns sintomas definem o distúrbio. Um dos pontos determinantes do diagnóstico está relacionado à incapacidade de a pessoa “relacionar o código escrito com o falado; fazer uma relação entre o som e a letra que ele representa”, explica a pedagoga Margot Marinho. Na prática, é como se no primeiro contato com o alfabeto, as letras, tampouco a combinação delas, não fizessem o menor sentido. É como ser um estrangeiro no seu próprio idioma.

O desafio de quem tem essa disfunção cerebral é encontrar mecanismos de se apropriar desses códigos e compreendê-los. Só assim vai ser capaz de ler e escrever correta e fluentemente. “O processo de decodificação deles é um pouco diferente. Qualquer ordem é difícil para eles: o alfabeto, os meses do ano, os dias das semanas. Tudo para eles é aleatório. Não têm lógica”, define a fonoaudióloga Alice Sumihara, especialista em transtorno de deficit de atenção (TDAH) e dislexia pela Associação Brasileira de Dislexia.

Analisando o conceito, parece simples e superável. Identifica-se o problema ainda na infância, especialmente na fase de alfabetização, busca-se ajuda profissional — de fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, neurologistas — e, aos poucos, cada um encontra as estratégias para associar as letras aos sons que escutam. “Inclusive, campanha mundiais reforçam que quanto mais cedo começar a intervenção melhor será o quadro. Isso porque o cérebro é plástico”, afirma a fonoaudióloga e psicopedagoga Maria Angela Nico, presidente da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).

Mas o caminho até lá é árduo. Especialmente quando o diagnóstico demora a chegar. Antes de entender o porquê de a criança não acompanhar o processo de leitura dentro da sala de aula, são muitos os julgamentos feitos. Muitas são acusadas de preguiçosas, consideradas menos capazes. A autoestima é destruída nesse processo. Tudo resultado de desconhecimento.

A criança, em geral, não consegue escrever corretamente as palavras. Ela ouve e compreende, mas colocá-las no papel de forma gráfica não tem lógica. Elas podem escrever palavras sem o menor sentido para um leitor normal e estarem certas de que leem o que querem dizer. Podem alterar a ordem das letras e “azedo” virar “adezo”, por exemplo. Podem pensar em colocar no papel “infância”, mas acabar saindo “infâmia”, que visualmente parece tanto com a primeira. Ainda estão mais propensas a juntar palavras e separar outras que deveriam se manter unidas. Podem trocar fonemas que, de tão semelhantes, provocam confusão em um cérebro que tem um funcionamento muito particular, como é o caso de “vaca” e “faca”.

"É muito difícil não ser burro e ser tratado como idiota" - Otávio Giacomo, psicanalista

Agatha Christie  (Reprodução Internet)
Agatha Christie
Sem falar nas comorbidades associadas ao transtorno de aprendizado. Os dislexos, em maior ou menor grau, podem ser igualmente confusos ao se localizarem espacialmente e se perderem na tentativa de identificar a lateralidade, esquerda e direita. Podem ser dispersos por causa do diagnóstico de transtorno de deficit de atenção (TDAH). Às vezes, ainda apresentam alterações auditivas (Processamento Auditivo Central) e têm dificuldades de interpretar os sons. Tarefas simples, como decorar músicas e entender piadas, podem resultar em um fiasco. Crianças disléxicas podem não interagir em brincadeiras em grupo porque não compreendem os comandos rapidamente. Anotar recados é um martírio. Rimas soam incompreensíveis e fazer contas pode ser um suplício. Olhar as horas em relógio de ponteiro? Nem pensar.

Outros disléxicos famosos
  • Leonardo Da Vinci
  • Franklin D. Roosevelt
  • Vincent Van Gogh
  • Tom Cruise
  • Whoopi Goldberg

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

INCLUSÃO: TESTE SIMPLES DE DISCALCULIA

Distúrbios na aprendizagem
MENINA OLHANDO PARA CÁLCULOS NO QUADRO SEM SABER O QUE FAZER
TESTE SIMPLES DE DISCALCULIA
Podemos, de maneira informal, realizar um teste simples para diagnosticas a presença de discalculia, em alunos que já se encontram no 5º e 6º ano e apresentam dificuldades acentuadas na matemática.
Para isto, podemos dar um questionário com perguntas de resposta direta (sim e não) e somamos os pontos. Se a pontuação geral for de 16 pontos ou mais, podemos passar a uma investigação mais detalhada e buscar um diagnóstico interdisciplinar.
Peça para o aluno que responda as seguintes perguntas:
1. As vezes, ao copiar os números do quadro, escrevo na ordem errada;
2. Ao usar o telefone móvel ou de casa, escrevo os números de maneira errada e não consigo lembrar os números mesmo quando os uso regularmente;
3. Somar e subtrair são operações difíceis para mim;
4. Não consigo compreender frações;
5. Não compreendo o significado de números pares e ímpares;
6. Quando alguém fala em números pares e ímpares, tenho que pensar muito para identificar cada um;
7. Nunca poderei trabalhar em uma loja pois tenho dificuldades com o troco;
8. Me confundo sempre com relógios analógicos;
9. Nunca consigo subtrair números grandes;
10. Não consigo entender a tabuada;
11. Não consigo identificar os símbolos matemáticos ( – ou +), não sei o seu nome e o que eles significam;
12. Todos da minha turma sabem raiz quadrada mas, na realidade, eu não sei;
13. Acho difícil copiar um conjunto de números do quadro para o caderno;
14. Mesmo quando uso a calculadora, o resultado não dá certo;
15. Quando tenho que resolver um problema não consigo terminar;
16. As vezes, esqueço o nome das figuras geométricas como círculo e triângulo;
17. Quando resolve um exercício matemático, a folha fica sempre bagunçada;
18. As vezes, sei a resposta do problema mas não sei como eu cheguei lá;
19. Fico confuso com números elevados como 1000 e 9999 e não consigo identificar o mais elevado;
20. Quando viajo, não percebo o valor do dinheiro em outros países;
21. Não compreendo porcentagens;
22. Não tenho ideia de como resolver um problema tipo: se um homem demora cinco minutos para percorrer 10 km, quanto tempo leva para percorrer 12 km, mesmo que os outros da minha turma consigam;
23. A matemática me assusta e não entendo como funciona;
24. Se tenho que responder uma pergunta relacionada com números, fico ansioso e não lido bem.
http://atividadeparaeducacaoespecial.com/inclusao-teste-simples-de-discalculia/

sábado, 6 de setembro de 2014

Atraso na aquisição da fala e sua deficiente percepção fonética.

Aprendizagem x Desenvolvimento
Dislexia
Pesquisas científicas neurobiológicas recentes concluiram que o
sintoma mais conclusivo acerca do risco de dislexia em uma criança, pequena ou mais velha, é o atraso na aquisição da fala e sua deficiente percepção fonética.
- Quando este sintoma está associado a outros casos familiares de dificuldades de aprendizado - dislexia é, comprovadamente, genética, afirmam especialistas que essa criança pode vir a ser avaliada já a partir de cinco anos e meio, idade ideal para o início de um programa remediativo, que pode trazer as respostas mais favoráveis para superar ou minimizar essa dificuldade. A dificuldade de discriminação fonológica leva a criança a pronunciar as palavras de maneira errada. Essa falta de consciência fonética, decorrente da percepção imprecisa dos sons básicos que compõem as palavras, acontece, já, a partir do som da letra e da sílaba. Essas crianças podem expressar um alto nível de inteligência, "entendendo tudo o que ouvem", como costumam observar suas mães, porque têm uma excelente memória auditiva.
Portanto, sua dificuldade fonológica não se refere à identificação do significado de discriminação sonora da palavra inteira, mas da percepção das partes sonoras diferenciais de que a palavra é composta. Esta a razão porque o disléxico apresenta dificuldades significativas em leitura, que leva a tornar-se, até, extremamente difícil sua soletração de sílabas e palavras. Por isto, sua tendência é ler a palavra inteira, encontrando dificuldades de soletração sempre que se defronta com uma palavra nova. Porque, freqüentemente, essas crianças apresentam mais dificuldades na conquista de
domínio do equilíbrio de seu corpo com relação à gravidade, é comum que pais possam submete-las a exercícios nos chamados "andadores" ou "voadores". Prática que advertem os especialistas, além de trazer graves riscos de acidentes, é absolutamente inadequada para a aquisição de equilíbrio e desenvolvimento de sua capacidade de andar, como interfere, negativamente, na cooperação harmônica entre áreas motoras dos hemisférios esquerdo-direito do cérebro.
Por isto, crianças que exercitam a marcha em "andador", só adquirem o domínio de andar sozinhas, sem apoio, mais tardiamente do que as outras crianças. Além disso, o uso do andador como exercício para conquista da marcha ou visando uma maior desenvoltura no andar dessa criança, também contribui, de maneira comprovadamente negativa, em seu desenvolvimento psicomotor potencial-global, em seu processo natural e harmônico de maturação e colaboração de lateralidade hemisférica-cerebral.
Na Primeira Infância:
1 - atraso no desenvolvimento motor desde a fase do engatinhar, sentar e andar;
2 - atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á pronúncia de palavras;
3 - parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo;
4 - distúrbios do sono;
5 - enurese noturna;
6 - suscetibilidade à alergias e à infecções;
7 - tendência à hiper ou a hipo-atividade motora;
8 - chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência;
9 - dificuldades para aprender a andar de triciclo;
10 - dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares.
A Partir dos Sete Anos de Idade:
1 - pode ser extremamente lento ao fazer seus deveres:
2 - ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com muitos erros;
3 - copia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou não lê o que escreve;
4 - a fluência em leitura é inadequada para a idade;
5 - inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;
6 - só faz leitura silenciosa;
7 - ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para poder ouvir o som da palavra;
8 - sua letra pode ser mal grafada e, até, ininteligível; pode borrar ou ligar as palavras entre si;
9 - pode omitir, acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção de letras e sílabas;
10 - esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias ou semanas;
11 - é mais fácil, ou só é capaz de bem transmitir o que sabe através de exames orais;
12 - ao contrário, pode ser mais fácil escrever o que sabe do que falar aquilo que sabe;
13 - tem grande imaginação e criatividade;
14 - desliga-se facilmente, entrando "no mundo da lua";
15 - tem dor de barriga na hora de ir para a escola e pode ter febre alta em dias de prova. (Fonte: www.dislexia.com.br)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Estudo com imagens 3D do cérebro busca marcadores biológicos do TDAH

Objetivo é encontrar evidências neurológicas para que, no futuro, o diagnóstico não seja apenas clínico

abril de 2014
Ana Carolina Leonardi
Shutterstock
O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) está entre as disfunções cerebrais infantis mais comuns, podendo persistir na fase adulta. Desde os anos 70, porém, tanto o diagnóstico quanto o tratamento do distúrbio são alvo de questionamentos. Uma das principais controvérsias é o diagnóstico ser apenas clínico, feito com base na observação dos sintomas pelo médico ou psicólogo, que considera principalmente informações dadas por pais e educadores.

O pesquisador André Fujita, doutor em bioinformática, professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) busca marcadores biológicos do TDAH. Com estudos publicados nos periódicos NeuroImage e Systems Neuroscience, Fujita usa a tecnologia de ressonância magnética funcional (fMRI) para comparar imagens tridimensionais (3D) do cérebro de crianças com e sem déficit de atenção, buscando identificar alterações associadas ao sintomas de TDAH. Em dois anos de estudo, ele registrou imagens do cérebro de 200 crianças com o diagnóstico clínico de TDAH e 450 sem o transtorno.

Através da neuroimagem, é possível mapear a atividade cerebral e identificar quais áreas estão mais ou menos ativas quando o cérebro realiza uma tarefa ou em pessoas diagnosticadas com algum distúrbio mental. Atualmente, o transtorno de déficit de atenção é considerado um problema neurológico, relacionado a uma “desorganização” do funcionamento integrado de alguns circuitos neuronais. O desafio da equipe de Fujita é calcular qual nível de desorganização, chamado de entropia da rede, pode ser considerado normal, definindo-o por meio da análise dos pontos mapeados do cérebro das pessoas sem TDAH. Comparando a esse número os dados da imagem de um indivíduo com déficit de atenção, seria possível confirmar o diagnóstico.

Processar tamanha quantidade de dados exigiu que do grupo de pesquisadores, vinculados à USP, à Universidade Federal do ABC e à Universidade de Princeton, a criação de algoritmos e programas capazes de avaliar a aleatoriedade de um sistema. Por isso, o estudo não envolve apenas neurociência, mas matemática, estatística e computação.

No entanto, ainda é difícil considerar a aplicação clínica das descobertas do estudo, uma vez que ainda não foram encontrados marcadores biológicos claros de quais as áreas cerebrais que de fato se relacionam ao TDAH. O próximo passo do grupo é, portanto, precisar as relações entre as regiões do cérebro e o transtorno. (Com informações da Agência Universitária de Notícias)

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